Ninguém sabia ao certo o que se passava com aquela família, pai,
mae e irmãos, eram todos estranhos, essa a visão da população do pequeno
vilarejo.
Moravam naquela casa sombria há trinta anos e mal falavam
com os vizinhos. O filho mais velho parecia ter transtornos psicológicos, não
se formou, não trabalhava e vivia solitário, caminhava desatento pelas ruas
como se as pessoas não existissem. A irma do meio era uma figura cômica, tinha
43 anos e vestia-se como se ainda vivesse nos anos 70, parecia que havia
parado no tempo. Trabalhava num cartório e dizia ter um namorado sociólogo que
morava na capital, mas o boato corria solto que ela era completamente louca, que havia inventado um relacionamento para não
parecer solitária, mas na verdade seu namorado era invisível, pois nunca
ninguém chegou a vê-lo.
A irma caçula era a única que as pessoas diziam ser
“normal”, deixou a casa dos pais aos 17 anos, e sumiu mundo afora com seu amor. Uns diziam
que o moço era cigano, outros diziam que era caixeiro viajante, e outros
maliciosos diziam que ele ganhava a vida como “cover” do Raul do Seixas, pois a semelhança
entre eles era gritante.
O pai trabalhou na lavoura até se aposentar, mal saia na
calçada, ficava o tempo todo sentado na cadeira de balanço no fundo do quintal
olhando para o céu.
A mae durante a vida toda foi uma mulher dura e exigente, o
tempo passou e acabou vivendo uma vida pela metade, não conseguiu nada do que
queria, não realizou seus sonhos de menina e nem de mulher, foi obrigada a
casar-se com um homem simples por imposição de seu pai.
Amaldiçoava sua vida pobre, repugnava o pouco que tinha e
nunca sentiu e nem valorizou o coração
puro do marido.
De tanto exigir, acabou tendo filhos incompreendidos, e
todos eles trancaram-se dentro de si mesmos, de alguma forma
criaram um mundo em que pudessem sobreviver. E na luta pela sobrevivência a
tragédia transformou-se em humor, aquela família era a piada da cidade, uma
piada real que tinha endereço e pessoas como marionetes.
Todos os julgavam sem
conhecê-los, todos zombavam dos personagens que compunham o elenco de um teatro
ridicularizado, realizado em praça pública.
As más línguas
os chamavam de " Estranhos”, eles faziam parte de um teatro de horror intitulado como:
"O Mistério da Casa na Ponte"...
"O Mistério da Casa na Ponte"...

Uma família realmente estranha, mas que soube deixar a todos curiosos e o segredo até agora, não revelado! O que haveria lá naquela casa? Gostei! beijos,chica
ResponderExcluirOi, Vanessa...
ResponderExcluiro seu texto me fez pensar sobre a vida, as pessoas e as leis que regem nossa sociedade. Somos todos incompreendido, não? O preconceito é gritante e as pessoas são transformadas em meras marionetes nas mãos invisíveis de uma sociedade caótica. Por isso, penso que devemos lutar para sermos nós mesmos, vivermos e valorizarmos tudo o que temos, porque uma meia vida não é vida! Texto maravilhoso! Abraços.
Oi Vanessa!
ResponderExcluirPenso que tirou os personagens da vida real, pois muitos se parecem com pessoas que vivem por aí, mesmo não sendo da mesma família. Ficou interessante para uma peça teatral. Quem sabe?
Abraços!
Quantas pessoas não sofrem por serem discriminadas.
ResponderExcluirum belo conto parabéns.
Personagens fictícios parecidos com a vida real....
ResponderExcluirUm conto bem elaborado e instigante, parabéns!!!!
Oi Chica,
ResponderExcluirO mistério gira em torno da mae, exigiu tanto de marido e filhos que acabou nao realizando nada...
Os filhos foram reflexo de tudo isso...
Abçs
Olá! Extraordinário texto, que retrata fabulosamente bem, os reflexos da sociedade! abraços
ResponderExcluirApesar de ser um conto seus personagens criaram vida, gostei muito mais uma vez parabéns.
ResponderExcluirO meu foi sangrento demais kkk
Muitas vezes só necessitamos de uma palavra de conforto, de ânimo,
ResponderExcluirde alguém que dedique um pouco do seu tempo para nós.
E são nessas muitas vezes que encontramos nossos amigos virtuais!
Hoje venho te abraçar pelo dia do amigo virtual.
Você é benção na minha vida.
Quero estar em sintonia contigo
por muitos anos .
Como muito carinho deixei um mimo na postagem,
simples mais de todo coração.
beijos te agradeço pela nossa amizade.
Evanir.
Olá Vanessa
ResponderExcluirQuanta criatividade na sua participação
Parabéns!
Beijos de
Verena e Bichinhos
Como disse a Pati personagens fictícios mais reais do que imaginamos.
ResponderExcluirQue trágica a vida essa família, pessoas infelizes que acabam influenciando a vida dos que estão ao redor.
Parabéns mai um conto fascinante.
E o segredo? Talvez a discriminação.. .Talvez não seja nada disso e por serem tão discriminados se tornaram assim.... quem sabe?
ResponderExcluirBeijos
Olá Vanessa, já tive vizinhos estranhos morando no mesmo prédio, tão estranhos que um dia ouvi a mãe gritando com a filha para que ela pulasse do prédio, parecia uma louca mandando a filha se matar, não sei o que a filha fez mas fiquei pensando vai que ela pula, mulher mais louca rsrs Bjossss
ResponderExcluirOh que trágica familia nenhum era feliz
ResponderExcluiro mist´rio da casa era mesmo todos ser diferentes
cada um com seu jeito escondido
Mas que eram estranhos ah isso eram né
Gostei cada um com seu mistério
Abraços
_________Rita!!!