Edward era um jovem
bondoso e gostava das coisas mais simples da vida, era o único filho de Leonel
o viúvo mais rico do vilarejo. Ele casou-se contra a vontade de seu pai aos
vinte três anos de idade com Madalene, por quem era completamente apaixonado. A
família dela era muito humilde, Leonel odiava a nora e todos os seus familiares
por serem pobres. Por isso quando Edward casou-se eles romperam definitivamente
os laços de amizade e afetividade, antes que o filho saísse de casa, Leonel o
amaldiçoou e disse que com aquela mulher ele jamais seria feliz.
Mesmo assim os jovens
casaram-se e foram viver na casa dos pais de Madalene. Leonel era um homem
soberbo e materialista, só pensava em dinheiro, a vida para ele girava em torno
do dinheiro. Quando soube da gravidez da nora enlouqueceu completamente, não
queria que uma mulher pobre gerasse seu neto, então sua maldade cegou-lhe os
olhos, decidiu que tomaria providencias para impedir o nascimento daquela
criança.
Madalene era a filha
caçula e tinha mais dois irmãos, John e Sam, Leonel pagou um dos seus serviçais
para investigar a vida de todos os familiares da moça e descobriu que Sam era o
mais ambicioso e que faria qualquer coisa por dinheiro, assim como ele.
Então Leonel convidou
o rapaz para um encontro de negócios, Sam achou estranho o convite mas pela
curiosidade acabou aceitando.
Quando ele terminou
de contar seus planos Sam estava com olhos arregalados, por um instante
faltou-lhe o ar, Leonel serviu-lhe uma bebida e disse-lhe que se ele
concordasse em executar seu plano, daria a ele o que ele quisesse, independente
da quantia Leonel estava disposto a pagar.
Sam disse a ele que
iria pensar e que em breve lhe daria uma reposta, e ele pensou na tal proposta
a semana inteira, Sam estava cansado da vida sofrida e sacrificada que vivia,
trabalhava como um burro na pequena plantação do seu pai, não aguentava mais
trabalhar de sol a sol, sem ter no bolso um níquel sequer. Revoltado com a sua
vida, decidiu aceitar a proposta de Leonel e exigiu que ele lhe pagasse
dinheiro suficiente para viver o resto da vida como um rei, Leonel parecia satisfeito,
sorriu e apertou a mão de Sam aceitando o acordo.
Na semana seguinte
Madalene passou mal e perdeu o bebê, logo em seguida ficou muito doente e
faleceu. Leonel quando soube da sua morte foi consolar o filho, fingindo ter se
arrependido por tudo o que havia dito, e na frente de toda a família dela,
pediu-lhe perdão e disse que ele poderia voltar para a casa, pois não havia
cabimento permanecer ali. Edward estava inconsolável com a perda de sua amada,
naquele momento sentiu-se confortado pela palavras de carinho de seu pai e decidiu
voltar para seus braços.
Ele permaneceu meses
numa tristeza profunda, não tinha vontade de fazer mais nada, mas seu pai apoiava-lhe,
carinhosamente fez com que seu filho voltasse a vida novamente. Quando ele
decidiu viver, Leonel apresentou-lhe uma jovem rica, e o convenceu a casar-se
com ela, então para não ficar só e depressivo casou-se com a moça na esperança
de ser feliz.
Sam disse a família
que havia ganhado uma fortuna num jogo, depois que recebeu o dinheiro foi
embora da cidade e foi viver a vida luxuosa que ele tanto queria.
Dez anos depois Sam
voltou para a casa dos seus pais, estava na miséria e muito doente, antes de
morrer escreveu uma carta e pediu a seu pai para entregá-la a Edward.
Leonel comemorou a morte de Sam tomando uma taça de vinho em sua memória, ficou feliz por saber que seu segredo havia sido enterrado com aquele homem para sempre.
Leonel comemorou a morte de Sam tomando uma taça de vinho em sua memória, ficou feliz por saber que seu segredo havia sido enterrado com aquele homem para sempre.
Edward recebeu a carta
e colocou-a dentro de um pasta para ler quando tivesse tempo, naquele mesma noite
ele sonhou com Madalene e no sonho ela pedia para que ele lesse a carta do
irmão. Ele acordou assustado, levantou-se rapidamente foi até seu gabinete,
ajeitou-se na poltrona de veludo vermelho e começou a ler a carta:
“Querido Edward"
Serei breve pois não
tenho muito tempo, a doença me levará a qualquer momento.
Peço-te perdão por
tudo que fiz, sei que em breve reencontrarei minha irmã e espero em nome de
Deus que ela também possa perdoar-me.
Fui um canalha
contigo meu cunhado, por dinheiro vendi minha alma, e agora tenho dúvidas se o
diabo a quer.
Não sei o que será de
mim, condenei-me ao fogo do inferno, mas agora tanto faz, nada mais importa, a
única coisa que quero é livrar-me desse peso, preciso confessar-lhe tudo que
fiz, antes de morrer quero ter um pouco de dignidade, se é que isso é possível.
Por isso quero que
saiba, que na época que era casado com minha irmã, fui procurado pelo seu pai,
ele propôs-me um acordo e eu aceitei, eu disse a todos que havia ganhado aquele
dinheiro no jogo, mas era tudo mentira, na verdade aquele dinheiro todo foi o
valor que recebi pela maldade que cometi com vocês.
Seu pai planejou tudo
e eu fui seu cúmplice, executei seu plano como um cão ensinado. Ele me deu um
frasco de veneno, para que eu misturasse na comida e na bebida da minha irmã, e
assim o fiz, envenenei-a aos poucos.
Madalene perdeu o
bebê e morreu logo em seguida, graças a minha ganância, ao maldito veneno, e a
crueldade do seu pai.
Caro Edward,
arrependo-me amargamente pelo que fiz, sei que no meu caso não há perdão, morro
dia após dia corroído pela doença e pelo arrependimento.
Confesso a você que
todo aquele dinheiro não trouxe-me um dia sequer de paz, pelo contrário, vivi
dez anos preso ao inferno e continuarei lá depois da minha morte.
Agora é tarde demais
para mim, aquele dinheiro me fez entender que nada no mundo era tão valioso
quanto a vida da minha irmã e a minha consciência tranquila, antes de ter feito aquilo eu era feliz e não
sabia, tenho pena de mim, pobre de mim!
Perdoe-me por ter lhe
causado tanto sofrimento, e principalmente por ter que deixar em suas mãos a
decisão do perdão, sei também que para o “mandado” do crime ser perdoado, você terá que
perdoar primeiramente o “mandante” (Seu Pai) que foi o verdadeiro causador de toda essa maldade...
Ass. Sam

O Perdão é o que mais importa!
ResponderExcluirhttp://alguemparaconversa.blogspot.com.br/
O inal ficou suspenso. Mistério!!!
ResponderExcluirMas um belo conto para a sua coleção.
Abçs - Augusto
Para certas ações impensadas, não há perdão que a dignifique!
ResponderExcluirBj. Célia.
Um excelente conto dos seus.
ResponderExcluirMesmo que o mundo inteiro o perdoasse, de certeza ela partiu sem se perdoar.
Nossa consciência é o nosso juiz.
Beijinho
Uma história de tensão, passamos por vários estados. Al final, ele é seu verdugo mais cruel... nao perdoar a si mesmo ...
ResponderExcluirÀs vezes, hay histórias como essa na vida real, escritora querida.
Un abrazo.
Creio que isso seja mais real que pensamos.
ResponderExcluirOlá!Boa tarde!
ResponderExcluirTudo bem?
...mais um belo conto, até muito real...penso q ela pediu perdão...mas foi fraca em deixar em outras mãos a decisão do perdão...cada uma cada uma...
Boa quarta!
beijos com carinho
Que história interessante, Vanessa!
ResponderExcluirAlgumas pessoas são mesmo capazes de colocar um preço em suas almas. Elas sofrem muito com isso, mas também fazem sofrer os que estão próximos...
E a decisão do perdão, o mais difícil golpe de toda essa história, ainda ficou nas mãos do inocente.
Muitos beijos!
E o fim?? kk pensei que ia ter vingança, kk mas gostei pelo menos um se arrependeu apesar da morte da coitada da irmã. Acho que ele foi pior ainda.
ResponderExcluirUm conto que me deu raiva gostei só esperava ver o final do maledeto do pai dele, kk mas entendi ficou meio que na nossa imaginação.
ResponderExcluirO perdão será sempre em todas as circunstâncias, um ato de humanismo e dignificação. Quem não for capaz de perdoar... jamais será capaz de amar verdadeiramente!
ResponderExcluirGosto muito da forma como desenvolves a tua escrita!
Beijos,
AL
É sempre gratificante perdoar.
ResponderExcluirAbração.
Olá Vanessa:
ResponderExcluirLindo conto. A ganância mata pessoas
ambiciosas.
Hoje também escrevi um conto.
Um beijo carinhoso
Lua Singular
É fundamental perdoar. Tenha uma linda semana. Bjs
ResponderExcluirOI querida!
ResponderExcluirQuero agradecer sua visita tão carinhosa.
Obrigada!
Beijos
Canela
Um conto que pode até ser real, em
ResponderExcluiralgum lugar..mas muito triste, pq
o perdão nessa hora é muito difícil
ainda mais por ser da família
O final é para pensar e refletir
Será como esse perdão?
Não sei o que eu faria,teria que pensar bem
Gostei bjuss de bom dia!!!!
E ele foi perdoado?Eu daria um fim nesse conto.
ResponderExcluirO pai do jovem quando viu o assassino da irmã,
cometeria seu próprio suicídio,e o vendido não morreria tão
fácil, seria levado para a prisão e apodreceria como um cão
sarnento.
rsrsrs
Pedro
Curitiba
Oi, Vanessa, o perdão é um dom que precisa ainda ser muito trabalhado e praticado, um tema ótimo para ser exposto em um conto. Muito bom, um abraço!
ResponderExcluirOlá Caro Pedro,
ResponderExcluirA ideia deste conto é exatamente essa, para que imaginássemos se o filho perdoaria ou nao seu pai, pelo ato em si da pura maldade.
O final que sugeriu é o que você imagina ser, mas para mim que sou a autora está terminado.
Obrigada a todos pelos comentários.
O perdão alivia o coração e poucos têm essa nobreza.
ResponderExcluirBjos no ♥
Olá,
ResponderExcluirO final do conto nos deixa com certa curisidade, quanto ao saber se Edward perdoará ou não a Sam e ao seu pai, Leonel. É com certeza uma decisão dificil.
Bjs.
Visite meu blog, tem post novo.
http://marcia-pimentel.blogspot.com.br/2012/05/minha-pagina-no-skoob.html
nossa... que intenso este conto.
ResponderExcluirsinceramente, não sei o que eu faria depois de descobrir tamanha maldade.
O preconceito deste pai, a ignorancia dele e a falta de amor são impressionantes.
E o pior é que isso acontece com muita frequencia....
lindo o seu espaço.
Gostei mesmo....
Aproveito para agradecer sua presença em meu cantinho....
grande abraço.