Ele não se deu conta
que o tempo havia passado, Sr. Leopoldo Windsor continuava no mesmo lugar.
Sua rotina continuava a mesma, todos os dias ele ia de casa para a prefeitura,
e da prefeitura para a casa.
Só não entendia
porque a mulher e os filhos estavam tão distantes, ele não se lembrava da
última vez que jantaram juntos, todos os dias no final da tarde, ele passava
horas sentado na cadeira de balanço do terraço, sempre sozinho.
Observava os filhos
chegarem do trabalho, todos passavam por ele, sem pronunciar uma única palavra,
nesta hora ele lembrou-se do quanto havia sido ditador, do quanto havia feito
os filhos sofrerem, e um forte arrependimento corroia-lhe os ossos, então
pensava que merecia estar passando por aquele desconforto, dentro de si, aquela
indiferença era aceitável, pois todos os familiares tinham um bom motivo para
isolá-lo.
Só não entendia
porque acontecia o mesmo quando chegava no trabalho, afinal de contas ele
sempre havia sido um bom prefeito. Mas imaginava que todos eram falsos e que
conspiravam alguma coisa contra si.
Então se conformava também com a indiferença dos companheiros de trabalho.
E o tempo foi passando e aquela situação ficando insustentável, foi quando ele resolveu conversar com
sua mulher, precisava tirar satisfações, antes que ele levantasse da cadeira de balanço, um senhor aproximou-se e disse-lhe:
-Boa tarde Sr.
Windsor!
-Não acredito, você
de novo? Porque me persegue? Eu já disse que não vou acompanhá-lo, estou farto!
Eu sou a maior autoridade desta cidade e você não me respeita, por este motivo
tomarei uma providencia, ligarei imediatamente para o sanatório vir recolhê-lo,
você só pode estar louco!
-Sr. Windsor, deveria
facilitar as coisas, é a décima vez que venho procurá-lo, porque não aceita
essa situação de uma vez por todas, ao invés de chamar-me de louco!
Neste momento ele
levanta-se apressadamente e corre em direção ao telefone, que permanece mudo,
revoltado grita chamando o nome da sua mulher, mas ninguém o ouve, desesperado percebe
que seu filho entra na sala, rapidamente vai até ele, grita, chora, esperneia,
implora, se joga aos pés do filho que permanece imóvel. Sua mulher vai ao
encontro do rapaz, percebendo a fisionomia de espanto do filho pergunta-lhe:
-Meu querido o que
houve? Parece que viu um fantasma!
-Não sei como explicar
mamãe, mas agora senti de uma forma inexplicável a presença do papai, me deu até vontade de chorar, para mim ainda é
difícil acreditar que ele está morto!
Ao ouvir estas
palavras ele arregalou os olhos e olhou para o homem que o incomodava
inconformado, mesmo assim Sr. Windsor pediu para que ele fosse embora, o homem olhava-o
tristemente e decepcionado deixou-o sozinho mais uma vez.
Em profunda revolta,
voltou para o terraço, sentou-se na cadeira de balanço, pensativo não aceitava sua
condição, negava para si mesmo, que não era verdade o que acabara de ouvir, assim
permanecia preso a uma existência inexistente. Negava-se também a deixar sua casa e seus
familiares, preferia ficar ali mesmo que ninguém o visse. Ateu e incrédulo não
conseguia entender como era possível continuar vivo e invisível ao mesmo tempo,
achava que aquilo tudo era loucura, zombava da possibilidade de estar morto, sempre
acreditou que ao morrer tudo se acabaria, e se estava ali é porque continuava vivo,
e que as pessoas o ignoravam porque queriam puni-lo de alguma forma. Então fechou as portas para um novo caminho, solitário seguia na ignorância negando para si
mesmo a verdade desvendada...

Cara @Escritora
ResponderExcluirQue história impressionante, escrita de forma sensível e que ensinamentos ela nos traz. Não querer ver os nossos defeitos, rejeitando corrigi-los, é uma triste condição que nos acompanha para além da morte.
Bj
Olinda
História reflexiva e impecável.
ResponderExcluirUm prazer ler-te querida amiga
Um grande bj
Muy buen relato, me atrapó su contenido. Voy a pasar seguido por tu blog para seguirte leyendo.
ResponderExcluirSaludos.
Acredito vivamente que haverá muitos Windsor por aí.
ResponderExcluirSimplesmente se recusam a aceitar seguir o caminho da luz e preferem continuar agarrados à terra.
Que na hora da partida eu tenha o poder da aceitação para seguir rumo a um plano diferente.
Linda a história. Beijinho
Ainda dizem que o tempo cura tudo ?!
ResponderExcluirGostei bastante do texto .
Abraços
Que triste não aceitar seu desencarne, querer recuperar o tempo que já se esgotou, coitado, acredito nisso, já li muito a respeito e vi histórias parecidas! Adorei! Bjos
ResponderExcluirMuito bom mesmo, cada vez mais me surpreendo com sua criatividade.
ResponderExcluirUma maravilhosa história.
ResponderExcluirDepois de alguns dias ausente, estou de volta tentando colocar tudo em dia.
Ja estava com saudades de passar aqui.
Abraço grande!
História bem interessante! Díficil para um materialista aceitar tal condição!
ResponderExcluirEste texto nos faz pensar em como o tempo é curto e, muitas vezes o desperdiçamos com tantas bobagens sem sentido! Devemos e muito buscar o esclarecimento, aqui, para que a nossa travessia não seja tão penosa e doída como no texto! Uma quinta-feira abençoada! Abraço carinhoso!
ResponderExcluirElaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com/
Uma história envolvente, de excelente conteudo nos conduzindo ao elemento surpresa e a reflexões.
ResponderExcluirParabénssssssss!!Beijos
Interessante e bem relatada esta história.
ResponderExcluirAcho que é a consequência de quem não acredita em mais nada para além desta vida. Uma passagem triste.
Beijinhos
Nossa me comovi com esse conto
ResponderExcluirtão bom,sempre criando e fazendo
a gente mudar um pouco certas coisas
de nossas vidas.
Gostei e aprovei!!
Gostei do blog.
ResponderExcluirCumprimentos cinéfilos!
O Falcão Maltês
Retribuindo e agradecendo a visita! Seja sempre bem-vinda! Uma sexta-feira abençoada! Abraço carinhoso!
ResponderExcluirElaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com/
Oiiee, te achei pela blogosfera..
ResponderExcluirTô adorando seu cantinho.!
Já estou te seguindo.!!
Me viste tbm, vou adorar.
http://lidiepaulo.blogspot.com
Beijinhos ;*
E já é sexta-feira \º/
Eu sou ateu e acredito que quando morrer tudo acaba. MAS é evidente que diante de determinadas circunstâncias (essa da história por exemplo) certamente me convenceria (até mesmo com certa alegria) que estava errado.
ResponderExcluirGostei do texto Vanessa.
Você é D+
ResponderExcluirÓtimo texto, infelizmente essa situação é muito comum, e como sofrem os pobres Srs. Windsors, oremos sempre para que eles aceitem e encontrem o caminho da luz. Amei².
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